Me lembro que ficamos um tempo sem ver o vovô pois minha mãe achou que ele estava definhando com histórias malucas e sem sentido, que estava me influenciando negativamente e que isso poderia atrapalhar no meu crescimento. Até que eu recebi uma carta dele com um número de telefone.
– Alice

Alô, vovô? A mamãe não tem ido te visitar mas fico feliz que tenha me enviado seu número, queria saber como termina aquela história que o senhor contou. Já faz mais de um ano, né?

Não acho que ela vai querer voltar aqui, Alice. Eu sinto muito e sobre a história que lhe contei, termina de maneira triste, semelhante a nossa.

Na sexta feira, já havia pessoas vivendo nas ruas novamente e esse número só aumentaria, a cada momento que passava.

No sábado, havia se consumado. A humanidade estava à mercê. O templo do dinheiro que havia caído quando o vírus foi liberado, tudo havia sido destruído. Poderíamos tê-lo deixado em estilhaços, mas nós o reproduzimos da memória.

Voltamos a ser os peões, voltamos a nos ajoelhar perante ao altar dos deuses do dinheiro, e rezamos para que eles nos abençoassem.

Não eram deuses.
Não era um templo.
Nunca houve benção.

Programador, sonhando em ser escritor e falhando em ser humorista.