Termino por escrever esse diário, falando sobre meu avô. Ele foi um grande homem, infelizmente eu não passei os últimos dez anos conversando com ele por o considerar um criminoso, uma das mais tristes decisões juvenis feitas por mim. Um pouco disso, graças a minha mãe, que sempre o viu como o responsável pela maneira como a sociedade funciona hoje.

Escrevo-lhes, para falar que eu deixei de falar com meu avô quando tive discernimento suficiente pra entender que ele foi um terrorista e que, pra minha surpresa, estava condenado a prisão domiciliar perpétua e acabou em um asilo sozinho.

Acontece que ele fez parte de um grupo de terroristas que atacou o sistema financeiro 3 décadas atrás. Ele criou um vírus que destruiu o conceito de dinheiro e ao invés de ser morto, viveu em casa como punição; disseram que ele passaria a vida confinado vendo sua ideologia ter dado errado.

Me desculpa, vô.

No dia que você morreu e eu pude entender toda a história, eu compreendi que nunca deveria ter deixado de te visitar; hoje, você é meu herói.

Você fez algo magnânimo e mesmo assim, não ganhou estátua.
Ninguém sabe quem você é.
Mas eu sei.
Obrigado.

Alice,
01 de outubro de 2052

Programador, sonhando em ser escritor e falhando em ser humorista.