Em tua boca há democracia
Há ditadura
Esquece a sensualidade da língua
Que apazigua a carne nua e pura
Desce, se afoga nas dobras
Rompa as ataduras.

Enquanto reinar igrejas e partidos
bancos e mercados
viveremos apreensivos e doloridos
Cidadãos algemados

Seja culpa dos deuses ou de humanos
Vivemos como vacas confinadas
Seres débeis e profanos

Seja com os deuses ou trabalho ou nós mesmos
Saiba que vivemos
Em constante confinamento

Pensa no absurdo do incesto
mas não é tu que fode tuas belas filhas
Pensa no quanto trabalhas
mas não é deste pão que comes
Pensas mas não pensas
mas não é tua culpa
nem daquele que usurpa sua vida
Mas nossa!
nossa
porra
que tornamos infecunda
no ventre do mundo
e aguardamos que nasça…

Usa do teu pau, homem!
e metes na terra tantas vezes
do tamanho de tua fome
larga tuas roupas
e vive da nudez
segue as flores
e reivindica seu direito ao gozo.

Despoja dessas palavras
e vive da mudeza
ouça e tenha as todas
deixa a ideologia de lado
o discurso que parece sensato
e vive da esperteza
dessa incoerência
fogosa em teu peito,
não haja bem ou mal que te arda
mas justamente a loucura
quer dizer,
a coerência.

Minha coragem é minha virtude suprema, essa é a atitude que adoto frente à oposição de mentes medíocres. Porque unir a extrema audácia a extrema coragem é uma questão de estilo.